E Aí Já Era, 10 anos se passaram do álbum de Jorge & Mateus

Júlia Paes de Arruda
3 min readDec 28, 2020

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Por Júlia Paes de Arruda

Capa do álbum de estúdio Aí Já Era, produzido por Dudu Borges e Jorge & Mateus (Foto: Júlia Paes de Arruda)

“Fico sozinho, pensando em você” e “Eu busco às vezes nos detalhes encontrar você” podem ser os versos que mais descrevem os atuais fãs que viveram o auge da dupla sertaneja Jorge & Mateus, espiritualizado no álbum Aí Já Era. Apesar dos músicos ainda terem uma legião de seguidores, as canções clássicas são as mais memoráveis, mesmo que já tenham se passado 10 anos do seu lançamento.

Conhecidos por serem um dos precursores do sertanejo universitário, os amigos Jorge Alves Barcelos e Mateus Liduário de Oliveira lançaram seu primeiro álbum em 2007, Pelo Amor de Deus — Ao Vivo em Goiânia, que ganhou o coração de muitas pessoas com Pode Chorar e De Tanto Te Querer. Mantendo o romantismo do sertanejo raiz, os goianos também trazem consigo influências do pop e folk rock. A combinação valeu tanto a pena que chamou a atenção da Rede Globo, a qual selecionou a sétima faixa para fazer parte da trilha sonora da novela A Favorita. Foi quando o sucesso bateu na porta da dupla e nunca mais se despediu.

Em Aí Já Era, as duas primeiras faixas, Seu Astral e Amo Noite e Dia, são as que mais mostram a presença dos outros gêneros. Por coincidência (ou não), são as mais conhecidas pelo público. Não só pelo sertanejo ser um estilo aclamado pelos brasileiros, mas pelas letras assinadas, em sua maioria, pelos amigos. Pra Ter o Seu Amor, escrita por Jorge, é a obra-prima do álbum. O mix de violinos e violões unem-se aos versos e explodem amor, saudade e calmaria. Com toda a certeza, seria a favorita para legendas de fotos.

Em maio deste ano, a dupla comemorou 15 anos de carreira (Foto: Reprodução)

Não só os gêneros musicais que influenciam a dupla, mas também seus próprios álbuns. Esquece o Medo e Vem bebe a mesma dose de sanfona de Voa Beija-Flor, de O Mundo é Tão Pequeno. O ritmo e os acordes parecem ser similares em ambas, tornando-se bem próximo de um forró dançante. O mesmo também pode ser dito sobre Chove, Chove de 2010 e Vou Fazer Pirraça de 2009.

A música que dá título ao disco, Aí Já Era, foge desse estilo animado e enaltece o som clássico de um teclado. O complemento da guitarra de Mateus deixa tudo mais tocante e emocionante. Essa elegância também é vista em Coisas de Quem Ama, canção do álbum Os Anjos Cantam, de 2016. Essa mistura de sons engrandece o trabalho dos artistas, que não exitam em transparecer sons diversificados e muitos instrumentos em suas canções.

A base de violão é o que marca Vestígios e Cilada, ambas iniciadas na voz de Mateus, que suaviza as canções e deixa tudo mais leve. O timbre marcante de Jorge chega e eleva a energia do ritmo, deixando-o mais rápido. A combinação dos dois não vem só da amizade, mas também do lado artístico que os músicos possuem.

Jorge & Mateus venceram o Prêmio Multishow 2020 na categoria Dupla do Ano (Foto: Reprodução)

O trabalho dos sertanejos também segue na linha de outros artistas, como é o caso de Victor & Leo. Borboletas e Fada, grandes sucessos dos dois, são exemplos que poderiam ter saído da boca dos goianos. João Bosco & Vinicius também é outra amostra, tendo Chora, Me Liga e Sorte é Ter Você (Carolinas) como menções nítidas. A sintonia entre eles com Jorge & Mateus foi tão certeira que deu origem a Abelha.

De lá pra cá, o sertanejo universitário se reinventou e outros artistas agregaram com suas canções. Mesmo assim, o nome de Jorge & Mateus é lembrado como um dos ícones marcantes do gênero, assim como é Chitãozinho e Xororó. Isso só nos mostra que saborear os dons da dupla goiana torna-se viciante. Ao final de tudo, nosso único desejo é: PELO AMOR DE DEUS, JORGE & MATEUS!

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Júlia Paes de Arruda
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Written by Júlia Paes de Arruda

Vim da terra da Ilze Scamparini pra fazer jornalismo na Unesp.

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